Imagine-se chegando em um país diferente, o qual você não conhece o idioma, os hábitos, as leis.
Lembre-se de que no seu país você costumava comemorar suas conquistas com muita energia e neste novo lugar você pode no máximo sorrir.
Quando chegamos em um lugar onde não conhecemos nada, é comum eleger uma pessoa de referência para nos ajudar com a adaptação à mudança. Mas a notícia boa é que você vai morar com esta pessoa de referência e com o passar do tempo, você vai descobrir que faz parte da família.
O problema é que esta pessoa já está lá há muito tempo e já não lembra mais como era quando ela chegou a este país desconhecido, e muitas vezes acaba perdendo a paciência com você.
Inúmeras vezes tem que repetir a mesma instrução, estas repetições geram na sua pessoa de referência um cansaço sem igual e deterioram sua energia vital.
Ela também morre de vergonha com a suas reações e principalmente aos olhares das pessoas nativas. E após esgotar todos os recursos que conhece, ela entra em desespero por não saber mais o que fazer. Você não entende, mas percebe que há algo de errado. acontecendo.
Você ainda não percebe, mas muitas de suas ações são fruto de imitação do comportamento dessa pessoa.
Você não vê o tempo passar de tão encantado que está com toda a novidade.
E no país que você morava, nunca tinha ouvido falar de tempo. Pra você, é lindo observar a beleza do sol, da lua, das estrelas, o quanto a chuva é interessante e o arco-íris então, fantástico!
Mas você tem muita vida aí dentro e quer continuar conhecendo, mas agora, com medo de magoar seu familiar, você começa a esconder seus desejos, curiosidades e passa a mostrar apenas quando ele não está perto, passa a fazer o que gosta em outro momento.
Quando uma criança chega ao mundo é como um imigrante, é importante que tenha na família uma referência, mas também é importante que ela tenha espaço para conhecer o mundo através de seus próprios olhos.
Entre os dois 18 e 36 meses ela está formando o autoconceito, após aprender a andar e com a conquista da linguagem, seu maior desejo é conhecer tudo que está a sua volta. E neste momento está em constante desenvolvendo suas funções
cognitivas e a internalização das regras será uma conquista futura, por isso, os pais se cansam de repetir e a criança volta a fazer. Então, o “já falei pra não fazer isso não significa nada pra ela”. A expressão facial acompanhada da fala, demonstrando que você não gostou, é muito mais eficaz
dedicar mais tempo com interesse genuíno no seu pequeno ajuda a compreender melhor o temperamento, o funcionamento dele e a aumentar a empatia.
Impor limites não significa agredir, mas quando você perceber que não está bem, é importante ter alguém para assumir a situação, pois, atitudes baseadas nos momentos de emoção podem até gerar um alívio para o cuidador, mas não são resolutivas a longo prazo e no final, sempre geram culpas, além de correr o risco de se tornarem corriqueiras.
E lembre-se, criança não é robô, não se programa, mas é possível com amor e respeito encontrar uma sintonia, não almejar a perfeição, compreender as necessidades do outro e se importar menos com o que os outros esperam de você como pai/mãe, podem ajudar nesse processo.